Maestrina traça os objectivos da nova direcção
Coro de Câmara prepara CD com temas inéditos
Em vésperas de comemorar 15 anos, o Coro de Câmara de S. João da Madeira prepara-se para lançar um novo trabalho discográfico, com músicas populares das Terras de Santa Maria, harmonizadas por compositores da região.
Em entrevista ao LABOR, a nova maestrina do Coro, Magna Ferreira, faz a avaliação da actividade do grupo e aponta as próximas metas.
Como surgiu a oportunidade de dirigir o Coro de Câmara de S. João da Madeira?
Fui contactada pelo Daniel Rocha (presidente do Coro) em Julho / Agosto e fiquei contente com a proposta.
Apesar do reduzido tempo no Coro, que avaliação faz do seu estado?
É um grupo com preparação vocal e musical, o que não é fácil de encontrar num grupo amador. Portanto, é um coro que já está acima do nível da maior parte dos coros amadores de Portugal e,
dentro do nosso país, infelizmente, muitos deixam-se ficar apenas pelo suficiente. Aqui, há a possibilidade de querer sempre mais.
O que falta fazer?
Abrir as portas para arejar um pouco. Quando cheguei, tinha saído muita gente do coro, por diversas razões, e era necessário renovar alguns naipes e criar novas raízes. Abrimos, entretanto, audições e, neste momento, temos um coro com cerca de 18 pessoas. Desse total, seis
são novos coralistas, que preenchem os requisitos mínimos, que é ter alguma segurança vocal e na leitura musical. Mas ainda falta mais entrosamento com a comunidade, falta cruzar ideias, experiências com a comunidade e com os grupos culturais e as escolas.
No concerto de comemoração do centenário de nascimento de Lopes-Graça, que se realizou no domingo (dia 17), contámos com a colaboração da Academia de Música. Portanto, é já um esforço
nesse sentido.
Quais são os objectivos desta nova direcção artística?
Depois do Coro ter gravado um primeiro CD, com o maestro Resende, a Câmara Municipal propôs a edição de um novo disco, que serviria para oferecer a entidades que visitassem o concelho. Surgiu então a ideia de fazer um CD com música original: temas populares das Terras de Santa Maria, harmonizados e arranjados por compositores da região. Fizemos o levantamento, pesquisámos e encontrámos um grupo de compositores da cidade e da zona circundante e pedimos, a cada um, para fazer arranjos de três temas tradicionais. Em Janeiro, vamos começar a ensaiar as músicas, para tentar fazer a gravação
em Junho.
Como é ser mulher e dirigir um coro?
Por acaso, no mundo da música coral, já há bastantes mulheres a dirigir e cada vez mais. O mundo orquestral é mais dos homens, mas penso que não há tanto preconceito, hoje em dia. Mas não está nos meus objectivos a direcção orquestral.
A regência de coros já fazia parte dos seus planos?
Não, mas uma coisa tenho a certeza: desde pequenina que quero ser música, dizia que queria ser compositora. Comecei a estudar Música aos seis / oito anos, fui para o Conservatório aos 10. Comecei pelo piano e depois tirei o curso superior de Canto na Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo (ESMAE). A direcção coral tem sido uma via paralela ao canto. Ao longo da minha vida, tenho sentido a necessidade de trabalhar mais a nível coral, sobretudo com crianças, porque ainda são matéria-prima por explorar: não têm vícios, são seres sedentos de sabedoria.
(nota: entrevista concedida ao Jornal Labor, de 21-12-2006. Jornalista: Salomé Pinto)